BEM-VINDO AO MUNDO DE TORMENTAS

NÃO BASTA SER BOM, TEM QUE SER NATURAL
NÃO BASTA SER NATURAL, TEM QUE SER BOM


Sobre a vinícola

Inspirado na onda dos vins de garage, que teve seu pico na Europa em meados dos anos 90, há 20 anos o Atelier nascia da idéia de elaborar uma pequena quantidade de vinho para o próprio consumo, utilizando uvas como único ingrediente a exemplo do que fora feito desde a mais remota antiguidade, até o advento da chamada “enologia moderna”, que mudou totalmente o modo de pensar e sentir o vinho, e, principalmente, de fazê-lo. No fim de 2001 fui buscar conhecimentos na França (onde vivi até meados do ano 2000) e em 2002 fiz minha primeira vinificação na garagem de casa, em Canela, Serra Gaúcha. O estilo dos nossos vinhos, portanto, foi fortemente influenciado pela Escola Francesa. O resultado das três primeiras safras experimentais foi tão bom que decidi rotular e colocar à venda o tinto resultante do terceiro ano (2004), de forma a compartilhar a qualidade alcançada com o maior número possível de entusiastas e formadores de opinião. As primeiras comercializações foram anunciadas junto à comunidade de enófilos que na época participavam de imensos fóruns sobre vinhos na internet, grupos com milhares de membros. Assim começaram, timidamente, as vendas inaugurais que marcariam o lançamento do primeiro vinho artesanal brasileiro de baixa intervenção, precursor do que mais tarde se tornaria um pequeno movimento de vinhos naturais formado por minúsculos produtores de vinhos caseiros, movimento bastante marginal mas que hoje ganha novos adeptos a cada ano. Fomos pioneiros não apenas em vinicultura natural, ao lançar o primeiro vinho brasileiro elaborado sem adição de SO2, mas também em vinicultura artesanal: no início dos anos 2000 os vinhos disponíveis no mercado eram provenientes ou da grande indústria ou da média e pequena indústrias, em geral elaborados de forma parecida, segundo protocolos da Escola Enológica que preceituam o uso quase sistemático de leveduras selecionadas, aditivos e correções. No Atelier tudo era feito manualmente, da desgranagem dos cachos à pisa das uvas. Nenhum aditivo além de uma moderada dose de SO2 era admitido no processo, e essa segue a nossa filosofia até hoje. O pioneirismo nacional segue a marca registrada do projeto, cujo prestígio jamais parou de crescer desde os primeiros votos de incentivo do crítico inglês Steven Spurrier, em 2006, até o sucesso alcançado em 2009 com o primeiro pinot noir brasileiro elaborado segundo antigas tradições da Borgonha, da encubagem dos cachos inteiros à pisa corporal, passando pelo amadurecimento em barricas francesas (sempre de vários usos). Desde então nossos pinots vêm sendo comparados às cegas com rótulos de prestigiosas denominações da Borgonha, o que nos valeu a conquista do mais exigente segmento de consumidores: os entusiastas dos vinhos dessa famosa região francesa. Em 2017 a reputação dos pinots do Atelier atravessou as fronteiras do continente, sendo objeto de uma homenagem na Holanda que abriu um novo capítulo na história do vinho brasileiro: fomos chamados a apresentar nossos vinhos junto a outros quatro produtores estrangeiros tidos como, nas palavras da comissão organizadora do evento, “capazes de produzir pinots de altíssimo nível fora da França”. 

Hoje o Atelier propõe uma revisão dos próprios conceitos de elaboração natural anteriormente praticados, combinando técnicas sofisticadas com métodos ancestrais de forma a obter o máximo de qualidade com o mínimo de intervenção. Procedimentos manuais lentos e rudimentares foram substituídos por equipamentos e métodos capazes de acelerar os processos, evitando a exposição excessiva ao oxigênio e preservando os mostos e vinhos da oxidação prematura e outras falhas recorrentes em vinificações com baixo SO2.  Mantendo idêntico princípio de usar uvas como único ingrediente, a partir da safra 2022 teremos brancos naturais muito mais refinados, evitando, através da adoção de técnicas  adequadas, os defeitos tão frequentes nos brancos de baixa intervenção – que tendem a mostrar-se oxidativos e de pouca expressão aromática. Seguimos testando e aprimorando os processos tendo por norte o nosso lema fundador: Não basta ser natural, tem que ser bom, mas não basta ser bom, tem que ser natural.

                                                                       Marco Danielle, março de 2022

Texto Geral Alternativo
Um misto de técnicas sofisticadas e tradições ancestrais
Deck de recepção de uvas
Área de recebimento das uvas
Teto da sala de barricas
Teto da sala de barricas
Terraço Atelier
Terraço do Atelier
Adega subterrânea
Adega subterrânea
Sala de vinificação
Adega subterrânea
Atelier Tormentas Sala de Barricas
Sala de barricas