Recomendamos fortemente a leitura dos seguintes termos:

Sobre visitação
Ainda não estamos abertos à visitação e não oferecemos degustação no local. A estrutura atual não está preparada para isso, mas tão logo nosso segundo prédio seja construído informaremos aqui sobre as novas possibilidades. De momento, em função da constante demanda por visitas e nossa impossibilidade de atender a todas as solicitações, estabelecemos por regra receber apenas clientes. Entendemos por cliente quem já tenha efetuado ao menos uma compra diretamente pelo site da vinícola, em qualquer data. Nesse caso, mediante agendamento prévio, sempre que as condições permitirem receberemos nossos clientes com prazer.

Sobre onde comprar
Em função da pequena quantidade produzida, bem como dos cuidados especiais com armazenagem, exposição à luz e serviço em garrafas com baixo SO2, nossos vinhos não estão disponíveis no comércio convencional. As vendas se dão exclusivamente pelo presente site, menu COMPRAR. Os pedidos são enviados via transportadora para todo o território nacional, numa relação de porta a porta entre a vinícola e o comprador. Assim conseguimos interagir melhor com nossos clientes, resolvendo dúvidas sobre guarda e indicando o serviço mais adequado para a decantação, aeração, separação das borras e apreciação de vinhos sempre expressivos e cristalinos.

Sobre o serviço dos vinhos
Nossos vinhos não são filtrados ou estabilizados tecnologicamente. A transparência se dá por gravidade (decantação natural) e a estabilidade microbiológica se dá pelo tempo, espontaneamente, ou seja, são vinhos estabilizados naturalmente. 
Sob SO2 baixo é normal a formação de algum gás carbônico em garrafa, pois as fermentações ditas “de acabamento” tendem a se prolongar muito lentamente após o engarrafamento – sinal de vinhos vivos. A quantidade de gás formado dependerá de vários fatores como safra, grau de maturação da uva, quantidade de açúcar residual, quantidade de SO2, passagem ou não por barricas e tempo de estabilização espontânea em tanques pré-engarrafamento.  Quanto mais precoce o engarrafamento, mais gás e mais borras estarão presentes. No Atelier tentamos evitar esses problemas jamais engarrafando antes de um longo estágio de decantação e estabilização natural em barricas e tanques – o que raramente ocorre antes de um ano e meio a dois anos da data de vinificação. O tempo é o verniz dos resultados clássicos. Ainda assim, para usufruir de nossos vinhos em sua máxima expressão, recomendamos jamais abri-los e servi-los diretamente nos copos. Para vinhos limpos e brilhantes na taça, livres de eventuais aromas estranhos – típicos de vinificações naturais – precisamos decanta-los e aera-los antes de servir. Mas isso não terá efeito em garrafas recém entregues pela transportadora ou que, mesmo após anos de repouso, sofreram agitação no caminho do restaurante. Quanto maior o tempo de amadurecimento em adega, tanto mais límpidos e cristalinos estarão os vinhos na hora do serviço, mas que para que isso aconteça, a garrafa deve ser movimentada o mínimo possível entre a adega e o decanter. Para que esse cuidado estético possa garantir a melhor apreciação possível, a garrafa deve ser cuidadosamente retirada da adega com o lado das borras sempre para baixo. Colocada delicadamente na vertical para ser aberta, o conteúdo deve ser versado suavemente no decanter, borras para baixo, com o auxílio de uma fonte de luz que permita ver o depósito no fundo e parar antes que os sedimentos se misturem e passem pelo gargalo. Uma vez no decanter, o vinho já pode ser agitado circularmente com vigor para a eliminação do gás – caso o contenha – ou consumido imediatamente, caso não contenha. A aeração do transvase já é suficiente para abrir os aromas, sendo desnecessário deixar os vinhos expostos minutos ou horas no decanter antes de servir.

Sobre embalagem
Suprimimos momentaneamente o uso de cápsulas e nossas caixas são reforçadas mas simples. Aplicamos o mínimo de elementos e adornos adesivos às garrafas e essa austeridade decorre de uma filosofia de valorização do conteúdo acima do continente. O público do Atelier é antípoda do segmento de mercado para o qual os rótulos, marcas, embalagens e anúncios publicitários são importantes, e talvez nossa postura de simplicidade na apresentação das garrafas reflita uma certa desconstrução da idéia de que um vinho possa ser escolhido mais com os olhos que com a mente. Garrafas e embalagens sem muitas firulas corroboram a expectativa que a preferência por nossos vinhos seja um impulso mais profundo que superficial, em detrimento de quaisquer dogmas mercadológicos ou estratégias de comunicação visual. Muitos de nossos primeiros experimentos resultaram em vinhos de baixa tiragem, comercializados apenas com uma assinatura sobre as garrafas nuas (em lugar dos rótulos).  Foi quando percebemos o quanto nossos clientes valorizavam a exclusividade contida nessa oportunidade de receber garrafas assinadas a punho. Ainda hoje, sempre que amostras de lançamentos são entregues em garrafas escritas à mão, sentimos o entusiasmo dos destinatários e isso nos leva a crer o quanto o conceito vem acima da forma para o nosso público. 

Sobre o momento ideal de consumo

Embora não liberemos para a venda vinhos que não encontrem-se prontos para o consumo imediato, há que se compreender que não existe uma regra absoluta sobre o ponto ideal de consumo. Os vinhos não ficam necessariamente melhores com o tempo, ficam diferentes. Não melhoram, se transformam. Quem gosta de aromas terciários, quando a fruta cede espaço a novas sensações complexas, terá gratas surpresas guardando as garrafas por mais de dez anos. Já quem prefere fruta viva e intensa terá agradáveis momentos com os vinhos recém liberados para a venda. Um dos pontos mais fascinantes da apreciação e conhecimento de vinhos é poder dispor de uma quantidade de garrafas que permita provar cada safra ao longo do tempo, do lançamento à fase madura, após anos de guarda.

 

Sobre as diferenças entre safras
Embora não ofereçamos vinhos que não tenham passado por nosso senso autocrítico, há que se considerar que a proposta do Atelier vai na contramão da padronização comercial. Somos uma vinícola artesanal relativamente jovem na escala de tempo do mundo do vinho, onde o amadurecimento de uma identidade pode implicar décadas ou mesmo séculos de história. Em busca dessa identidade seguimos testando novas regiões, vinhedos e clones, ano após ano. A noção de safra, portanto, é particularmente importante para a compreensão do nosso trabalho como um todo. Recomendamos fortemente que nossos clientes se atenham mais à safra que à denominação de cada vinho. As variações entre safras são significativas. Isso é particularmente importante no caso dos rótulos experimentais, feitos apenas eventualmente, como Vermelho,  Âmbar, Minimus Anima. Um Vermelho, por exemplo, pode mudar a cada ano a composição de castas e vinhedo, ser um corte ou um varietal. O Vermelho é uma aventura livre pelo mundo das uvas tintas. O Minimus Anima, por sua vez, é um corte de várias uvas. Pouca relação pode ser estabelecida entre as diversas safras desses rótulos experimentais. Enquanto o Minimus Anima 2007 lembra um bordeaux de guarda clássico, muito elegante e bem evoluído, a edição 2016 mistura uvas brancas e tintas num vinho leve e refrescante, para consumo rápido. Aos poucos esses experimentos iniciais vêm sendo abandonados em prol de um trabalho mais consistente baseado nos varietais que ao longo dos anos foram se confirmando como a identidade do Atelier: Pinot Noir, Cabernet-Franc, Nebbiolo, Gamay, etc.

 

Sobre nossas uvas e vinhos
Em nossas vinificações empregamos uvas de agricultura convencional em processos de baixa intervenção. Entendemos por vinicultura de baixa intervenção vinhos feitos apenas com uvas e – no máximo – uma moderada dose de SO2. Alguns de nossos vinhos, contudo, foram feitos sem adição de SO2 (sem conservantes). Nenhum outro ingrediente estranho é adicionado à matéria-prima. Nossos mostos fermentam com leveduras selvagens e os resultados não são filtrados ou estabilizados. Nenhuma correção química (em mostos ou vinhos) ou adição de produtos enológicos é admitida no processo.

Em 2022 iniciamos a implantação de um novo vinhedo em São Francisco de Paula, Campos de Cima da Serra. Nossa propriedade em Campos de Cima é isolada por muitos quilômetros de qualquer outro empreendimento agrícola, por estar localizada praticamente ao lado da cidade e isolada entre a barreira urbana, de um lado, e áreas de preservação permanente do outro. Sem radicalismos ideológicos, na fase de implantação aplicaremos com parcimônia os tratamentos agrícolas necessários, mas assim que as mudas estiverem devidamente fortes e enraizadas, em pleno vigor, daremos início a uma diminuição gradual e racional do número e intensidade de tratamentos convencionais no vinhedo, buscando um alinhamento cada vez maior com as práticas orgânicas de cultivo. Como se trata de uma mancha geográfica inexplorada para a viticultura, ainda não sabemos ao certo como as plantas responderão às condições naturais. Se as circunstâncias não permitirem um cultivo totalmente orgânico, praticaremos o que os europeus chamam agricultura “razoável”, significando um meio-termo sensato entre o orgânico e o convencional. A evolução desse projeto vitícola (com T), em todas suas etapas, será divulgada com máxima transparência, a exemplo do que sempre foi feito no que tange nosso projeto vinícola (com N): teor final de SO2 declarado nos rótulos, fichas técnicas completas, etc. 

 

Sobre transportadoras 
Como nossos vinhos não estão disponíveis no comércio convencional, praticamente cem por cento de nossas vendas são entregues por transportadoras em todo o território nacional. Embora as empresas de transportes sejam imprescindíveis ao comércio de vinhos no país, representam um dos maiores problemas no relacionamento entre vinícolas e clientes. Em função da dimensão continental do Brasil, somada a problemas estruturais, a qualidade dos serviços de transporte do país pode deixar a desejar. Apesar de substituirmos sistematicamente as transportadoras reincidentemente negligentes, atrasos em prazos de coleta e/ou entrega podem ocorrer com certa frequência. Lembramos que, enquanto produtores, somos tão clientes das transportadoras quanto os consumidores finais. São prestadores de serviço sobre as quais não temos qualquer controle além do desligamento, em caso de problemas reincidentes. Ao contratar uma transportadora sabemos que outras empresas de transportes serão envolvidas no processo, seja para a coleta ou entrega, pois é assim que a frota rodoviária consegue estender seus tentáculos por todo o território nacional. Isso se chama “HUB logístico”, ou seja, empresas terceirizadas, com perfil e filosofia de trabalho não necessariamente iguais aos da transportadora contratada (“empresa hub”), são envolvidas à revelia na operação. Sem que o consumidor final compreenda a complexidade desse processo não há como estabelecer, de forma sensata, qualquer acordo tácito entre as partes. Esse acordo tácito se resume basicamente na expectativa de bom senso que a vinícola e seus clientes (os compradores dos vinhos) depositam no transportador. A vinícola garante ao comprador final que garrafas quebradas durante o transporte serão substituídas, e cargas extraviadas serão reenviadas. A transportadora, por sua vez, de forma contratual, obriga-se a reembolsar à vinícola o valor constante na nota fiscal, que vale como seguro em caso de avarias e extravios. Mas nenhum outro tipo de indenização é previsto em caso de atrasos de entrega ou exposição ao calor durante o transporte e/ou estocagem nos entrepostos das empresas envolvidas. Mesmo porque atrasos podem ocorrer, sendo praticamente impossível provar que houve exposição ao calor decorrente do atraso, ou mensurar a intensidade dessa exposição. Em todo caso, atrasos na entrega não implicam, necessariamente, exposição ao calor. Apenas um acordo tácito, portanto, sem valor jurídico, permeia a expectativa que os prazos de entrega serão os mais curtos possíveis e as mercadorias não serão expostas ao calor do transporte e/ou armazenagem nos entrepostos das diferentes empresas terceirizadas acionadas pela transportadora HUB. Parte-se do pressuposto que as empresas de transporte seguem o dever implícito de proteger qualquer mercadoria do calor ou incidência de luz solar direta, pois uma boa parte das cargas de qualquer transportadora contém diversos tipos de itens frágeis. Vale, portanto, a expectativa do bom senso. Isso dito, assumimos junto aos nossos clientes o compromisso de reenvio em caso de extravios ou avarias, mas não podemos oferecer nenhuma garantia contra atrasos nas entregas. Embora raros, atrasos acontecem e costumam suscitar reclamações, muitas vezes improváveis, sobre uma possível exposição ao calor em função da demora em trânsito. Ao comprar, portanto, nossos clientes devem estar cientes que não poderemos garantir prazos de entrega, assim como não poderemos controlar a exposição ao calor durante o trajeto. Contudo, testes foram realizados para avaliar o efeito do calor e da agitação excessivos em caixas de vinhos deixadas propositalmente em nosso porta-malas durante o verão, expostas a variações extremas de temperatura ao longo de semanas. Degustados, esses vinhos não apresentaram defeitos organolépticos. O mesmo teste foi feito em cargas avariadas ou devolvidas por mudança de endereço ou outras razões, tendo muitas vezes sido submetidas a um longo bate-volta Canela / Rio de Janeiro / Canela, transitando no pico do verão carioca, por exemplo. Degustados, esses “vinhos de volta” não apresentaram falhas organolépticas. Algumas vezes, inclusive, se mostraram melhores que aqueles jamais retirados da adega da vinícola. Esse fenômeno é explicado no livro Reflections of a Wine Merchant do legendário Neal Rosenthal, experiente importador americano de vinhos. O livro de Rosenthal corrobora a nossa tese baseada em observações feitas ao longo desses nossos vinte anos de prática na produção e expedição de vinhos. Segundo ele, quanto mais autênticos e concentrados em substâncias naturais, tanto mais os vinhos resistem às eventuais intempéries de transporte. Em dezoito anos expedindo vinhos para todo o Brasil jamais registramos um único caso de devolução de encomenda por alterações de qualidade atribuídas a problemas de transporte. Não obstante, embora raramente relatado, em caso suspeita de exposição excessiva ao calor, com vazamentos visíveis nas rolhas, relatos e fotos deverão ser feitos e enviados para nossa análise. Se a reclamação nos parecer procedente, a carga deverá ser retornada intacta e um novo envio será feito.
Nosso compromisso fundamental com o mercado é produzir bons vinhos. A expertise do Atelier não é no ramo dos transportes, não possuímos transportadora nem detemos o controle sobre a ação das empresas de transporte contratadas. Nossa responsabilidade sobre o transporte dos vinhos vendidos é, portanto, apenas parcial. Nossos clientes têm sempre a possibilidade de apontar sua transportadora favorita, mas, mesmo assim, cada operação de envio encerra um acordo tácito baseado no bom senso entre as três partes: vinícola, transportador e cliente.