FULVIA PINOT NOIR 2020

FULVIA PINOT NOIR 2020

NOTA DO VINHATEIRO

A reputação alcançada por este vinho ao longo da última década, graças, em grande parte, a uma clientela assídua composta quase que exclusivamente de aficionados por borgonhas, talvez dispense maiores apresentações sobre a casta pinot noir, ou sobre o estilo e a misteriosa magia dos vinhos que dela resultam. Desde a primeira safra da série, nossos Fulvia Pinot Noir vêm sendo comparados sistematicamente a pinots franceses, quase sempre às cegas, muitas vezes obtendo resultados impressionantes em painéis de grandes borgonhas.

Fulvia Pinot Noir 2020 dá continuidade a uma história de muitas safras vinificadas pelo método tradicional da Borgonha. O sucesso  obtido junto aos “connaisseurs” em vinhos específicos dessa região francesa foi imediato, pois até então praticamente não existiam tintos de guarda à base de pinot noir no Brasil, e os poucos que existiam não apresentavam a menor semelhança com o estilo dos vinhos da Borgonha. Eram tintos comerciais convencionais, quase sempre cortados com uvas mais potentes para agradar a um público habituado ao padrão comercial de vinhos escuros, em geral chilenos e argentinos. Obviamente que a delicada pinot noir, de cor naturalmente clara e aromas sutis, perdia sua identidade e tipicidade com essas “correções”.

Em 2009, logo após uma visita à França e uma imersão na milenária cultura vinhateira da Borgonha, fomos os primeiros a vinificar pinot noir no Brasil conforme as tradições ancestrais borgonhesas, retomando técnicas monásticas como a pisa corporal das uvas e a fermentação semi-carbônica dos cachos inteiros – seguida por um longo amadurecimento em barricas de muitos usos. Os primeiros resultados foram imediatamente reconhecidos, cativando uma multidão de admiradores que jamais cessou de crescer. 

Pela primeira vez a pinot noir brasileira era interpretada como realmente é, sem artifícios ou misturas para transformá-la em algo diferente. Vinhos muito claros, de um matiz vermelho atijolado e um encantador perfume de especiarias, rapidamente conquistaram o segmento de público habituado aos vinhos de terroir europeus. Esse público sentiu a autenticidade dos nossos pinots na cor pálida, avessa aos padrões de mercado. Assumir a cor verdadeira com que nossa pinot noir se expressa, em vez de maquiá-la para forçá-la a ser o que não é, foi uma premissa inicial a sinalizar que estávamos entregando vinhos verdadeiros, de baixa intervenção, mais voltados a contemplar que a reinventar a natureza.

Desde a primeira edição, Fulvia Pinot Noir vem se beneficiando de um aprimoramento constante das técnicas de vinificação, ano após ano, safra após safra. A meta é proteger e resguardar a delicada expressão da pinot noir, seguidamente referida como “pinosidade” entre os entusiastas, contra a oxidação prematura decorrente das vinificações com baixa adição de SO2. Passos importantes nesse sentido foram dados na safra 2019, a partir de então os vinhos passaram a revelar melhor (e fixar melhor) a paleta floral e a vivacidade da fruta – enquanto nas safras anteriores as notas terciárias predominam. O investimento em novos equipamentos e técnicas voltadas à proteção dos mostos e vinhos contra a oxidação, de forma natural, foi fundamental para chegarmos ao perfil de pinot noir que estamos produzindo hoje. Mas o aprimoramento não termina no resultado alcançado com Fulvia Pinot Noir 2020: as safras 2021 e 2022 seguem refletindo essa gradual evolução na direção de resultados sempre mais consistentes e expressivos. 

FICHA TÉCNICA

Localidade do vinhedo: Encruzilhada do Sul – RS
Região do vinhedo: Serra de Sudeste – Brasil
Altitude: 450 m
Uva: Pinot Noir
Teor Alcoólico: 12%
Quantidade produzida: 2600 garrafas
Colheita: manual em caixas de 15 Kg
Desengace: fermentação semi-carbônica dos cachos inteiros
Quebra das bagas: pisa humana
Controle de temperatura em fermentação: não
SO2 adicionado: sim
Tempo em barrica: 13 meses em barricas velhas
SO2 total detectado após o engarrafamento: 33 mg/L
SO2 total permitido por lei no Brasil: 300 mg/L